O Cremego (Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás) poderá decretar a interdição ética do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) caso os problemas enfrentados pela unidade não sejam senados, garantindo condições dignas de trabalho aos médicos e assegurando o bom atendimento aos pacientes. A possibilidade de uma interdição no hospital foi anunciada ontem (8) pelo vice-presidente do Cremego, Adriano Alfredo Brocos Auad, durante a sessão plenária promovida pelo Conselho para debater as condições de funcionamento do Hugo.

A sessão reuniu médicos do hospital, conselheiros e diretores do Cremego, o secretário Estadual da Saúde, Antônio Faleiros, e representantes do órgão. Convidado para debater e buscar soluções para uma das piores crises que atinge o maior ponto-socorro do Estado, o Ministério Público Estadual não compareceu.

O vice-presidente do Cremego abriu a sessão apresentando o resultado da vistoria feita pelo Conselho no hospital entre os dias 26 e 28 de outubro. O relatório do Departamento de Fiscalização do Cremego apontou falhas, como o déficit de médicos, a falta de medicamentos, materiais e equipamentos, a falta de alvará sanitário e deficiências na estrutura do hospital.

Foi exibida uma série de fotografias que comprovavam esses problemas também denunciados por médicos do corpo clínico. “Muitas vezes, não temos materiais básicos para o atendimento”, disse o neurocirurgião Aníbal Cintra. O então diretor geral do Hugo, o cirurgião geral Kennedy Carlos da Silva, reforçou as denúncias dos colegas e as constatações da vistoria do Cremego e anunciou que estava se demitindo do cargo assumido em setembro. Ele alegou falta de condições de trabalho.

O secretário Antônio Faleiros concordou que o hospital enfrenta uma situação crítica, disse se sentir “constrangido” diante dos apelos dos colegas e alegou que a burocracia vem inviabilizando a gestão da saúde. “O administrador não tem autonomia para comprar ou contratar”, disse, ressaltando que na área da saúde o setor público fracassou, não por incompetência dos gestores, mas pela burocracia.

Ele anunciou uma compra emergencial e a criação de mais vagas para médicos na rede estadual, mas afirmou que a solução definitiva dos problemas do Hugo e das outras unidades públicas de saúde está na transferência da gestão desses serviços para Organizações Sociais e na criação do Fundo Estadual de Saúde.

O vice-presidente do Cremego observou que a transferência da gestão das unidades de saúde para OS é polêmica e será acompanhada pelo Conselho. Adriano Auad espera que governo cumpra as medidas emergenciais anunciadas para sanar a crise, que, segundo ele, não é de hoje e vem se agravando também com a evasão de médicos, inclusive de concursados, que estão deixando o hospital.

“Essa crise vem se arrastando há anos, atravessando governos, e agora a corda arrebentou”, disse. Nesta quinta-feira (10), a diretoria do Cremego vai avaliar a situação do Hugo e definir o prazo que será dado ao Governo para a solução dos problemas detectados na vistoria. Se o prazo não for cumprido, o Cremego poderá decretar a interdição ética do hospital.

 

 

Saiba mais sobre a vistoria…

 

O Departamento de Fiscalização do Cremego vistoriou o Hugo nos dias 26, 27 e 28 de outubro e encontrou falhas, como:

 

Déficit de médicos (ortopedia, pediatria, neurocirurgia, plantão UTI);

Falta de alvará sanitário;

Escassez de materiais, medicamentos e equipamentos, como capnógrafo, monitor de débito cardíaco e monitor de pressão não invasivo;

Equipamentos sucateados e obsoletos, como as máquinas de hemodiálise;

Todos os quatro elevadores estragados;

Falhas no sistema de limpeza da unidade e cestos de lixo sem tampa com acionamento por pedal;

Falhas nos sistemas de iluminação e ventilação;

Espaço entre a maioria dos leitos inferior a 1,5 metro e sem dispositivos que permitam a privacidade dos pacientes quando necessária;

Infiltrações em setores, como a sala de repouso da enfermagem;

Deficiências no Centro Cirúrgico, como piso estragado, tomadas sem funcionar, goteiras, infiltrações, etc;

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Médicos apresentam reivindicações

 

 Em um abaixo-assinado com 206 assinaturas, os médicos do Hugo reivindicam:

Melhoria das condições de trabalho;

Adequação da estrutura física e de aparelhos na unidade;

Fim do desabastecimento de medicamentos e insumos;

Participação dos médicos na elaboração das escalas de trabalho;

Contratação de médicos e outros profissionais para suprir o déficit de pessoal;

Pagamento do piso salarial da Fenam: R$ 9.188,22

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