Escrevo este artigo às 18:30 horas  da quinta feira, 16 de agosto de 2012, ainda sob o impacto da noticia do fechamento do Hospital de Urgências de Anápolis.O nobre leitor haverá, em primeiro lugar, de questionar quanto a responsabilidade de tamanho descaso com a saúde publica, mas, antes, permita-me passar-lhe alguns números que explicitam a importância daquela unidade de saúde para Anápolis e região.

O HUANA atende 5.000 pacientes por mês, sessenta mil por ano, ou seja a cada cinco anos praticamente todos os cidadãos anapolinos passam por aquele hospital.São realizadas 700 internações hospitalares por mês, sendo a imensa maioria vitimas da violência urbana, notadamente do transito, responsável por cerca de 550 cirurgias por mês. Ali trabalham 670 profissionais de saúde, 150 médicos e, hoje, com o hospital fechado todos os seus leitos estão ocupados e 30 pacientes estão respirando sob ventilação mecânica.

O hospital já nasceu com sobrecarga, fruto da falta de planejamento dos gestores estaduais que projetaram um hospital de urgências com 80 leitos para atender uma população de cerca de 600.000 pessoas, englobando todos os municípios vizinhos de Anápolis e mais alguns do médio norte goiano. Há seis anos, dorme nas pranchetas dos burocratas de Goiânia um projeto de expansão que aumentaria a capacidade do hospital para cerca de 130 leitos e 1.000 cirurgias por mês.

Para fazer funcionar toda esta máquina, o Governo Investe atualmente R$ 2.600.000,00 (dois milhões e seiscentos mil reais),valor este que não está sendo depositado há cerca de três meses, mais precisamente há 100 dias o Hospital não recebe um único centavo do governo.O Hospital de Santa Helena faz um quarto dos atendimentos do HUANA e recebe R$ 1 milhão a mais por mês. Dá para explicar?

Desde agosto de 2011 corre um processo de renovação da exploração do Hospital administrado pela Santa Casa de Anápolis que pleiteia um valor mensal de R$ 3.250.000,00, ainda inferior ao recebido pelo Hospital do Sudoeste, e o governo vem procrastinando este processo prometendo a prorrogação do contrato até fevereiro de 2013, porém nas mesmas bases atuais.

Se o governo estadual peca pela falta de planejamento, também há de se dividir a responsabilidade com outras esferas: a municipal e da própria União, que lavam as mãos e curtem o desgaste do governo estadual. O doente não quer saber se o hospital é do município, do estado ou federal, quer ser bem atendido no momento da aflição. Inexplicavelmente, o hospital ficou de fora do programa de reaparelhamento das unidades de Urgência do Ministério da Saúde e, também, há de se cobrar da União os investimentos em saúde, promessa de todas as campanhas e não existe gestão do município no sentido de transferir a produção de AIHs da Instituição, cerca de  R$ 750.000,00 por mês, para o próprio HUANA.Também os responsáveis pela própria instituição haverão de ser responsabilizados por não denunciarem o estado critico em que se encontra o Hospital, transformando-se em cúmplices do descaso e parceiros do infortúnio .

Gestores inertes, parlamentares omissos, governantes negligentes. A soma desta equação, mais uma vez, será paga pela população desprovida da atenção hospitalar de urgência.

* Elias Hanna é médico e conselheiro do Cremego

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