OPINIÃO Editorial jornal Folha de S.Paulo, 14/02/10 Ética sem desconto MERECE aplauso a resolução do Conselho Federal de Medicina que veda a participação de médicos em promoções de medicamentos por meio de cupons e cartões de desconto. A promiscuidade de interesses entre laboratórios farmacêuticos e profissionais da saúde está em pauta por toda parte. É saudável normatizá-la também no Brasil. Os argumentos do CFM para proibir a prática são certeiros. Em primeiro lugar, o estratagema de solicitar a médicos o preenchimento de formulários com dados acerca de seus pacientes e da prescrição fere o sigilo que protege a relação entre profissional e cliente. Com tal expediente, terceiros -as empresas- ganham acesso a informações clínicas que não deveriam sair do consultório. Além disso, o médico se torna cúmplice de um processo de “fidelização” que só interessa aos laboratórios. O procedimento pode induzir o uso continuado do remédio sem controle periódico, ou dificultar a troca do medicamento em promoção por outro princípio ativo ou fabricante. Ainda que o profissional não obtenha vantagens pessoais, sempre haverá suspeitas. Se o laboratório tem condições de oferecer descontos significativos para alguns clientes, deveria fazê-lo no mercado propriamente dito. Concorrência direta ainda constitui a forma mais eficiente e transparente de conquistar clientes; transformar médicos em atravessadores é na realidade uma forma de burlá-la.

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