Com a participação de médicos do corpo clínico e diretores do Hospital Materno Infantil (HMI) e representantes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde, o Cremego promoveu no dia 1º de setembro uma sessão plenária especial para debater as condições de trabalho no hospital, que é uma referência no atendimento a gestantes e crianças em todo o Centro-Oeste. O Ministério Público Estadual foi convidado para a sessão, que contou também com as presenças de conselheiros e diretores do Cremego e do Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), mas não enviou representante.

O presidente do Cremego, Salomão Rodrigues Filho, iniciou a plenária citando as principais deficiências encontradas pelo Conselho na fiscalização realizada no HMI nos dias 24 e 25 de agosto. Entre os problemas, também denunciados ao Cremego por médicos do hospital, estão a falta de alvará sanitário (o documento apresentado pelo HMI está vencido há dois anos); superlotação da unidade; escassez de pessoal; precariedade da estrutura física, que também é insuficiente para atender à demanda; equipamentos danificados; falta de materiais e de medicamentos; demora na liberação dos laudos de exames e dificuldades para a transferência e transporte de pacientes.

“Há falhas de simples correção e outras estruturais, que só seriam sanadas com a construção de um novo hospital”, observou o presidente do Cremego, ressaltando que o Materno Infantil sofre com a falta de condições para atender a grande demanda e o médico acaba penalizado por essas deficiências.

Durante mais de três horas de reunião, médicos do corpo clínico do HMI reforçaram as queixas em relação aos problemas detectados pela fiscalização do Cremego. “Os médicos da Unidade de Cuidados Intermediários Neonatais (Ucin) do Materno Infantil estão pedindo socorro”, disse o médico Flávio Henrique, que, falando em nome dos colegas, citou as muitas dificuldades enfrentadas pelos profissionais.

Segundo ele, os 30 leitos da Ucin chegam a receber 45 pacientes, o que sobrecarrega os médicos da unidade, que também são responsáveis pelo atendimento na sala de parto, na enfermaria e em outras alas do hospital. Chefe da Divisão Médica do Materno Infantil, Weuler Alves Ferreira, ressaltou que os problemas enfrentados pelos médicos da Ucin refletem o que acontece em todo o hospital. De acordo com ele, os médicos do HMI convivem diariamente com a superlotação do hospital, pressão e angústia.

O diretor técnico, Alexandre Vieira, e o diretor geral do Materno Infantil, César Gonçalves, admitiram as dificuldades enfrentadas pelo hospital. Para sanar os problemas, Alexandre sugeriu a adoção de medidas, como a ampliação da equipe médica da Ucin ou a redução pela metade do número de leitos da unidade.

Sobre as queixas dos médicos em relação à dificuldade para a transferência de pacientes, o chefe do Complexo Regulador da Secretaria Municipal de Saúde da capital, Cláudio Tavares, destacou que é preciso melhorar a comunicação para a solicitação de vagas. A alegação foi contestada pelos médicos, que insistiram enfrentar dificuldades para conseguir vagas na rede conveniada.

Se os problemas para a liberação de vagas vão além da comunicação, no relacionamento entre os médicos e as equipes do Samu esse parece ser um ponto fundamental. Tanto o diretor geral do Samu Metropolitano, Fernando Fernandes, quanto os médicos do corpo clínico do HMI queixaram-se da falta diálogo e de cooperação, o que tem prejudicado o transporte de pacientes.

Recém-empossado na Superintendência de Controle e Avaliação Técnica em Saúde (Scats) da Secretaria Estadual de Saúde, Salustiano Gabriel Neto, também participou da plenária e se comprometeu a apresentar, em até 60 dias, soluções para os problemas citados. Uma cópia do relatório da fiscalização do Cremego será enviada ao superintendente.

A realização dessa plenária faz parte do trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Cremego em busca de soluções para os problemas que afetam as unidades da rede pública de saúde goiana.

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