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Confira a matéria publicada pelo jornal O Popular em 09/02/16 e a entrevista do presidente do Cremego, Aldair Novato Silva

O POPULAR

Procura-se médico pediatra

Em Goiás, o número de pediatras na rede pública estadual nos últimos 18 meses ao invés de aumentar, diminuiu. Até julho de 2014, o número era 168. Agora, são 161. O último concurso realizado para contratação de profissionais no Estado foi em 2010. O superintendente executivo da Secretaria Estadual de Saúde, Halim Girade, explicou que existe uma dificuldade de encontrar pediatras não só em Goiás, mas no Brasil inteiro. De acordo com ele, o Estado não fez mais concurso, pois não adiantaria. “É um problema muito grave. Existe uma necessidade de aumento da quantidade desses profissionais.”
Atualmente existem inscritos no Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) 751 médicos, sendo 516 em Goiânia. Número mostra aumento de 56 pediatras, quando em 2014 eram 695 profissionais inscritos. De acordo com o presidente do conselho, Aldair Novato Silva, número é ínfimo, principalmente se comparado com a demanda da pediatra. Conforme presidente, são formados anualmente em Goiás pelo menos 300 médicos. Ou seja, de 2014 a 2016 são 600 profissionais, mas somente 56 escolheram a área.
“A área está mesmo deficitária há alguns anos”, disse Aldair. Para ele, fato é em decorrência da falta de atrativo para a área. A dedicação, conforme o médico, é grande. Além disso, nos últimos anos houve a redução no ganho na área, atraindo ainda mesmo jovens médicos. “Só foi mesmo para a pediatria quem queria por tendência pessoal”, disse, explicando que o pediatra tem que se dedicar muito mais, com maior número de consultas e retorno do que as demais áreas da Medicina.
De acordo com ele, na rede pública os médicos de plantão ficam muito sobrecarregados, com remuneração que não condiz com o esforço do profissional e estruturas deficitárias. “Abre concurso aí querendo pagar R$ 1.800 para um médico no período de 20 horas semanais. Ele ganha isso no escritório em um dia”, disse Aldair. O presidente do Cremego frisou ainda que plantões a 900 reais não incentiva os profissionais a sacrificarem um domingo, ou final de semana, por exemplo.
O superintendente estadual Halim Girade garante que remuneração não é problema. No Estado, conforme servidor, um médico recebe em média de R$ 8 mil a R$ 9 mil – somando vencimento com bônus e produtividade, para carga horária de 20 horas. Em Goiânia, conforme secretário municipal de Saúde, Fernando Machado, paga-se de 900 reais a R$ 1.200 por plantão de 12 horas. “Isso não é por conta dos salários, que são compatíveis com o resto do País.”
Para Halim, portanto, o problema da falta de pediatras é devido ao fato do trabalho ser mais “pesado”. Conforme superintendente, os médicos não querem ser mais pediatras por terem que estar ligados 24 horas por dia para atender os pais das crianças. “E isso não é fácil. Tem profissional que não aguenta.” Para o presidente da Sociedade Goiana de Pediatria, Leônidas Bueno, o principal motivo da diminuição de pediatras na rede pública é a remuneração e falta de estabilidade profissional. De acordo com o médico, a área é mais trabalhosa do que as demais. Com isso, sem o incentivo, os jovens médicos acabam por preferir outras áreas. Leônidas explicou que o salário inicial de um médico é R$ 10.500 para todas as áreas.
Além da remuneração, o presidente garante que os municípios menores não possuem estrutura – o que não incentiva os médicos a se deslocarem. Por isso, a capital acaba sendo sobrecarregada com demandas dos outras cidades menores. “Há uma má distribuição de profissionais, porque nos interiores não existe hospital. Por isso, as grandes cidades lotam.”
De acordo com Leônidas, com a remuneração abaixo do desejado, clínicos gerais acabam fazendo o atendimento de crianças – o que para o presidente é algo problemático, uma vez que somente o pediatra está qualificado para atender crianças.
A tendência agora, entretanto, é o cenário se inverter. De acordo com o presidente da sociedade, o aumento da procura pela especialidade gerou a elevação do número de residentes (sem saber falar ao certo em quanto aumentou). O tempo de residência também foi alterado, saindo de dois para três anos de especialização. “Isso qualifica mais o profissional e evita que ele vá para outras subespecialidades dentro da pediatria”, explicou. Com esse aumento do período de residência o médico ficará, ainda, mais qualificado para resolver os problemas e isso evitará outros encaminhamentos, segundo Leônidas.
O presidente do Cremego também acredita que cenário tem mudado. Para ele, contratos de Organizações Sociais (OSs) com pessoas jurídicas têm melhorado a remuneração dos médicos e nos próximos anos o número de profissionais pediatras irá aumentar.
Na rede de saúde estadual, atende na área de pediatria o Hospital Materno Infantil (HMI), Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), Hospital de Doenças Tropicais (HDT) e Hospital de Urgências da Região Sudoeste (Hurso), sendo somente este último o único fora de Goiânia, localizado em Santa Helena de Goiás.
Como informou a SES, as demais unidades de saúde do Estado também fazem atendimento de crianças. Caso internação seja necessária, são encaminhadas para hospitais especializados.

Secretário diz que sobram consultas ambulatoriais

O secretário municipal de Saúde, Fernando Machado, também não vê a questão salarial como problema, e sim a cultura de recorrer à emergência. De acordo com ele, o último concurso em Goiânia foi feito em 2012, mas a Prefeitura deixa um credenciamento dos profissionais em aberto e está sempre contratando pediatras. Atualmente, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) possui 53 pediatras, sendo dez no Cais de Campinas, sete no Cais do Novo Mundo, 18 na Maternidade Dona Iris e o mesmo número na Maternidade Nascer Cidadão.
Conforme o secretário, a demanda é grande na emergência, enquanto nos ambulatórios sobram consultas. Segundo dados da SMS, no segundo semestre de 2015 sobraram 38.459 vagas para consultas ambulatoriais, que são as de rotina. “As pessoas às vezes não utilizam a rede para consultas de rotina, ou então preferem ir à emergência para ver um problema que poderia esperar 24 ou 48 horas, para a consulta.”
Para Fernando Machado, o problema é o atendimento emergencial que fica sobrecarregado muitas vezes com problemas que poderiam ser resolvidos por pediatras nos ambulatórios.
Portanto, segundo o secretário, é necessária uma mudança de cultura, com maior utilização das consultas ambulatoriais, que podem ser marcadas na tele consulta da secretaria de Saúde.

HMI é reformado, mas não expande leitos

Mensalmente, o Ministério da Saúde repassa 478 reais para hospitais da rede particular por leito de UTI infantil – tanto neonatal quanto pediátrica. O Estado de Goiás repassa mais 622 reais para inteirar o valor de R$ 1.100, que é pago para hospitais com leitos cofinanciados em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis. O valor pago pelo Estado e União é repassado para o município, que efetua o pagamento. A complementação de valores no serviço da UTI já existia para leitos adultos. Depois da crise de 2014, passou a existir para leitos infantis.
O Estado inaugurou terça-feira, 26, mais uma etapa das obras do Hospital Materno Infantil (HMI) que tiveram início no ano passado, com entrega do novo Pronto Socorro de Pediatria (PSP) e a nova UTI Pediátrica. Houve um investimento de mais de R$ 3 milhões na reforma, com compra de aparelhos mais modernos para o hospital de alta complexidade. Esta é a terceira reforma do hospital, com 35 anos de fundação. A primeira foi em 1984 e a segunda em 1998.
No número de UTIs, entretanto, não houve aumento. Isso porque segundo a SES, não existe espaço no local. De 2014 para cá, houve o aumento somente de oito Unidades de Cuidados Intermediários Neonatais (Ucin) na unidade. A diretora geral da unidade, Rita Leal, explicou que acontece do hospital não conseguir atender toda a demanda. “Chega gente de outros municípios, alguns regulados, outros não, e pode ocorrer de não ter vaga.” Para isso, o hospital trabalha com a central de regulação de Goiânia.

20 novas vagas em UTIs foram criadas

Em Goiás o aumento real de leitos de UTIs infantis foi de 20 – sendo 10 UTIs neonatais no Hospital Vila Nova (na retaguarda do Hospital Materno Infantil – HMI) e 10 UTIs pediátricas no Hugol. Em 2014, após problemas noticiados pelo POPULAR de 27 crianças que aguardavam vagas de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) infantis, o Estado garantiu que iria aumentar pelo menos mais 40 vagas de UTIs para crianças, mas os 20 leitos de UTIs pediátricas prometidos para serem colocados no Hospital Vila Nova não foram incluídos.
Entretanto, o superintendente de Saúde do Estado, Halim Girade, frisou que para compensar, o Estado cofinanciou leitos de UTIs infantis, em que parte da diária é paga pelo governo federal e outra parte pela gestão estadual. Goiás passou, então, a cofinanciar a diária de pelo menos 108 leitos de UTI neonatal e pediátrica de hospitais da rede privada ou rede filantrópica privada de Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia.
No total, são 78 leitos de UTI pediátrica do SUS (sendo 39 do Estado) e 105 leitos de UTI neonatal (sendo 18 colocados pelo Estado) em Goiás. Desta quantia, 97 leitos de UTI neonatal 45 pediátrica são regulados em Goiânia. O restante fica nos municípios de Aparecida de Goiânia, Anápolis e Santa Helena.
“Hoje em dia não temos mais a emergência que tinha. De fato, antes era quase insuportável”, disse Halim Girade, pontuando que a complementação resolveu o problema, ao menos temporariamente. “Quando a população aumentar, sabemos que a demanda vai subir.”
Da rede pública de Goiânia, o superintendente de regulação e políticas de Saúde, Sandro Gomes, assegurou que os hospitais conseguem atender toda a demanda municipal. Entretanto, capital a recebe constantemente demanda de outras cidades do interior do Estado.

 

(09/02/16)

 

 

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