DIÁRIO DA MANHÃ Médicos reagem à violência Marina Dutra A onda de crimes contra médicos nos últimos meses em Goiás tem preocupado os representantes da categoria. Em apenas um mês, três profissionais foram assassinados no Estado. Na última quarta-feira (11), o pneumologista Ilion Fleury Júnior, 54, foi morto a tiros ao sair da Santa Casa de Misericórdia de Anápolis. Entidades afirmam que cobrarão mais medidas de segurança e maior agilidade no esclarecimento dos assassinatos ao secretário estadual da Segurança Pública, Ernesto Roller . Em levantamento feito pelo Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), em 12 anos, nove médicos foram brutalmente assassinados em Goiás. De acordo com o presidente do Cremego, Salomão Rodrigues Filho , o conselho – que lamenta a morte do médico Ilion – espera que as autoridades esclareçam o mais rápido possível o crime. Em 21 de maio deste ano, Salomão e o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Eduardo Santana, tinham se reunido com o secretário Ernesto Roller para reivindicar segurança mais efetiva à classe médica e também agilidade na investigação do assassinato do médico Leandro de Almeida Neto, 52, morto no dia 15 de maio na praça central da cidade de Arenópolis. “Depois da notícia de ontem, iremos nos reunir novamente com o secretário para cobrar mais ações. Confiamos nas autoridades e esperamos que algo seja feito.” Outra medida que o Cremego tem buscado é a parceria com a Polícia Militar para que a segurança em torno dos hospitais se torne rotina. “Esses profissionais que foram assassinados estavam saindo do trabalho, salvando vidas.” Presidente da Associação dos Hospitais de Goiás (Aheg), Robson Azevedo afirma que, nos últimos 15 dias, cada comandante setorial da PM tem procurado os hospitais para orientar médicos, funcionários e pacientes sobre a segurança nesses locais: “Já existe um resultado positivo dessa parceria, e esperamos que tudo seja controlado para evitar qualquer problema quanto à segurança.” Juntamente com o Cremego, o presidente da Associação Médica de Goiás (AMG), Waldemar Naves do Amaral, explica que a entidade está consternada com os assassinatos que têm ocorrido contra médicos desde o início do ano. A AMG também cobrará das autoridades mais agilidade nas investigações para que os culpados sejam punidos. “Iremos mobilizar a classe, realizar manifestações para alertar a sociedade sobre esses casos.” A reportagem do DM entrou em contato também com o presidente do Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego), Leonardo Mariano Reis, que até ontem à tarde não sabia da morte do pneumologista em Anápolis: “Estou chocado com a notícia. Ele fazia parte da chapa que iria concorrer na eleição do Cremego.” Preocupado com a onda de crimes que assolou o Estado nos últimos meses, Leonardo assegurou que o Simego irá acompanhar a apuração do caso e irá apoiar as outras entidades para realizar manifestação de repúdio à violência: “Está acontecendo inversão de valores, em que tiram a vida de um profissional que salva pessoas.” Execução – Para o titular da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (Deih), Jorge Moreira , não existe execução em massa contra a classe de médicos em Goiás. “Cada crime é particular e envolve uma causa especial.” Em sua avaliação, os últimos três crimes que aconteceram são devidos a problemas particulares de cada um, e não um problema social que envolve toda a sociedade. “Se existe um conflito de interesse, pode acontecer um homicídio por motivação.” De acordo com o presidente do Simego, por enquanto, não existe um temor dos médicos sobre os assassinatos que ocorreram. Além disso, ele afirma que os homicídios acontecem em qualquer classe social e até o médico é vulnerável à violência. “Os crimes foram atos covardes e preocupa a classe, mas cada assassinato é um fato isolado que merece investigação e manifestação.” (13/06/08)
CREMEGO NA MÍDIA: Assassinato dr. Ilion
13/06/2008 | 03:00