Após tentativas, sem resultado, de intermediação junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia para a solução da grave crise que afeta às três maternidades públicas da capital, que chegaram a suspender os atendimentos eletivos por falta de condições de funcionamento, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) aprovou ontem, 21, a abertura de processos de interdição ética da Maternidade Dona Íris, Maternidade Nascer Cidadão e Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara.
A decisão veio depois da realização de uma plenária temática pelo Cremego, no dia 20, na qual médicos das unidades relataram dramas enfrentados diariamente diante da falta de insumos básicos nas maternidades, como luvas e papel toalha, além de atrasos de meses nos pagamentos e da sobrecarga de trabalho nos prontos-socorros.
Na reunião de ontem, além da abertura do processo de interdição ética, a diretoria do Cremego aprovou as seguintes ações:
Notificação do corpo clínico e gestores sobre o desencadeamento do processo de interdição ética;
Agendamento de vistorias urgentes nas unidades;
Encaminhamento de cópia do relatório de vistoria ao Ministério Público de Goiás;
Encaminhamento de ofícios ao Tribunal de Contas da União e Ministério Público Federal solicitando providências sobre a falta de repasses financeiros às maternidades por parte da Prefeitura Municipal de Goiânia.
Se aprovada a interdição ética ficará proibido o trabalho dos médicos nas unidades devido à falta de condições para o bom exercício da profissão e o atendimento seguro e de qualidade à população.
As três maternidades estão sob a gestão da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc). Mesmo com o repasse anunciado hoje pela Prefeitura de Goiânia, a dívida da SMS com as maternidades ainda passa de R$ 50 milhões.