CRIANÇAS DESAPARECIDAS 18 09 18 3Em Goiás, a cada dia desaparecem dez crianças e adolescentes. Preocupados com esta realidade, representantes dos Conselhos Federal de Medicina e do Cremego, Ministério Público Estadual, Polícias Civil e Militar, representantes da sociedade e parentes de desaparecidos participaram, no dia 18 de setembro, na sede do Cremego, de um seminário para ampliar as discussões sobre este drama que se multiplica no Brasil.

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado, nos últimos cinco anos 17.706 crianças e adolescentes foram dadas como desaparecidas em Goiás, uma média de 3.541 casos anuais. Segundo a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Goiânia, Paula Meotti, há uma preocupação ainda maior: 80% dos desaparecimentos são do sexo feminino.

Casos como o da empregada doméstica Valdevina Ferreira da Costa, que há sete anos busca pela filha Thamiris, que desapareceu aos 11 anos na cidade de Alexânia. “Deixei minha filha dormindo em casa para ir ao trabalho. Por volta das 11 horas, ela foi ao meu encontro e ao cruzar a esquina desapareceu. Alguns moradores a viram sendo colocada em um veículo, mas nunca tivemos pistas sobre ela”, contou Valdevina em relato emocionado. Patrícia Maria de Castro, outra mãe que participou do evento, também falou sobre o drama que enfrenta e as dificuldades para conseguir informações sobre o paradeiro do filho Maycon Castro de Paula, que desaparecieu em Serigueiras (RO), para onde tinha ido trabalhar, após deixar Formosa (GO).

De acordo com dados compilados pelo CFM, estima-se que no mundo o total de casos de desaparecimento de crianças e adolescentes chegue a 25 milhões. Durante o seminário em Goiânia, o integrante da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva, defendeu a adoção de políticas públicas no setor.

“O número de crianças desaparecidas é muito maior do que as pessoas imaginam. No Brasil, há uma estimativa de que sumam 50 mil por ano, mas o governo sequer tem esse dado preciso. Por isso é tão importante que os profissionais notifiquem qualquer tipo de situação que possa indicar irregularidade”, ressaltou Ricardo Paiva.

CRIANÇAS DESAPARECIDAS 18 09 18Ele também chamou atenção para o protagonismo dos médicos e destacou a Recomendação CFM nº 4/2014, que alerta aos profissionais sobre procedimentos que auxiliam na busca. Observar semelhanças entre os pacientes e os pais, sinais de agressão e o comportamento da criança com a família é um cuidado que o médico pode ter durante os atendimentos nos hospitais, prontos-socorros e clínicas do País. Outra recomendação do CFM é que os médicos sempre confiram os documentos da criança ou adolescente e dos responsáveis.

O IV Seminário Nacional sobre Crianças Desaparecidas também debateu a necessidade do trabalho conjunto de todos os órgãos na prevenção e combate ao problema. Os participantes destacaram a importância dos médicos, agentes de saúde e demais profissionais da área na identificação de crianças em situação de risco e a urgência da criação de um registro nacional de pessoas desaparecidas.

O Cremego foi representando no evento pelo conselheiro e corregedor de Sindicâncias, José Umberto Vaz de Siqueira. Desde 2015, quando o CFM lançou a campanha sobre crianças desaparecidas, o Cremego abraçou essa causa. Naquele ano, o então presidente Erso Guimarães visitou hospitais e escolas, levando informações a pais, professores, médicos e demais profissionais de saúde sobre o que cada um pode fazer para coibir esses desaparecimentos.

Campanha educativa

Orientações aos Médicos

Ao atender uma criança, fique atento aos seguintes procedimentos:

  1. Peça a documentação do acompanhante. A criança deve estar acompanhada dos pais, avós, irmão ou parente próximo. Caso contrário, pergunte se a pessoa tem autorização por escrito;
  2. Procure conhecer os antecedentes da criança. Desconfie se o acompanhante fornecer informações desencontradas, contraditórias ou não souber as perguntas básicas;
  3. Analise as atitudes da criança. Veja como ela se comporta com o acompanhante, se demonstra medo, choro ou aparência assustada;
  4. Veja se existem marcas físicas de violência, como cortes, hematomas e grandes manchas vermelhas.

Orientações aos pais

  1. Nos passeios: manter-se atento e não descuidar das crianças;
  2. Procurar conversar todos os dias com os filhos, observar a roupa que vestem e se apresentam comportamento diferente;
  3. Procurar conhecer todos os amigos do seu filho, onde moram e com quem moram;
  4. Acompanhá-los a escola, na ida e na volta, e avisar o responsável da escola quem irá buscar a criança;
  5. Quando necessário, colocar na criança bilhetes ou cartões de identificação com o nome dela e dos pais, endereço e telefone; orientar a criança quanto ao uso do telefone e orientá-la sobre como ligar para pelo menos três números de parentes. Avisar os parentes sobre essa orientação;
  6. Não deixar as crianças com pessoas desconhecidas, nem que seja por um breve período de tempo, pois muitos casos de desaparecimento ocorrem nestas circunstâncias;
  7. Fazer o mais cedo o possível a carteira de identidade das crianças;
  8. Manter em local seguro, trancado e distante do alcance das crianças arma de fogo, facas, qualquer objeto ou produto que possa colocar a vida delas ou outras pessoas em risco;
  9. Orientar as crianças a não se afastar dos pais e vigiá-las constantemente;
  10. Ensiná-las a sempre que estiverem em dificuldade a procurar uma viatura policial ou um policial fardado (PM ou Guarda Municipal) e pedir ajuda;
  11. Evitar lugares com grande aglomeração de pessoas;
  12. Perdendo a criança de vista, pedir imediatamente ajuda a populares para auxiliar nas buscas e avisar a polícia.

(CFM e Rosane Rodrigues da Cunha/Assessora de Comunicação Cremego 20/09/18)

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