Ano 5 Nº 265 22/06/11
Pesquisa revela: 58% dos usuários têm
reclamações contra planos de saúde
Seis em cada dez usuários da saúde suplementar tiveram, no último ano, alguma experiência negativa com o atendimento oferecido pelos planos de saúde.
Os dados integram pesquisa divulgada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na última terça-feira (21). O levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas Datafolha comprova a alta correlação entre a experiência negativa vivenciada pelos pacientes e seus familiares e a insatisfação com o atendimento prestado pelos planos.
De acordo com a pesquisa, as reclamações mais comuns estão relacionadas à demora no atendimento ou fila de espera no pronto-socorro, no laboratório ou na clínica (26%). Percentual significativo dos entrevistados também relatou existir poucas opções de médicos, hospitais e laboratórios (21%) disponíveis para o atendimento de suas necessidades. Outros 14% relatam que tiveram que buscar a assistência no Sistema Único de Saúde (SUS) por conta da negação de cobertura ou restrição de atendimento do plano de saúde contratado.
Com relação ao atendimento médico, a principal queixa dos entrevistados é a dificuldade de marcar uma consulta (19%) e o descredenciamento do profissional médico procurado (18%). O excesso de burocracia foi outro ponto de reclamação dos usuários: 13% vivenciaram demora para a autorização de exames ou a liberação de guias, inclusive de internação e 12% tiveram negativa de cobertura de procedimento ou exame.
Pagamentos extras – A cobrança de valores adicionais, além da mensalidade, também foi apontada por 19% dos entrevistados, que tiveram de efetuar pagamento extra para garantir a realização de consultas, exames ou outros procedimentos. A pesquisa captou ainda relatos de usuários dos planos que tiveram que deixar um cheque caução para ser atendido, não encontraram vaga para internação, foram transferidos para outro hospital por determinação do plano e tiveram alta médica imposta pelo plano antes da determinação do médico.
Os dados constam do estudo patrocinado pelo CFM e realizado pelo Datafolha que, no período de 4 e 5 de abril de 2011, ouviu 2.061 pessoas, distribuídas em 145 municípios e com idades de 16 anos ou mais. Dentre os entrevistados, 26% disseram possuir plano ou seguro saúde, na condição de titulares ou dependentes, compondo amostra final de 545 indivíduos.
Desse total de 545 entrevistados, 52% possuíam plano coletivo (da empresa ou instituição em que trabalham). O restante afirmou contar com planos individuais ou familiares comprados diretamente no mercado.
Frequência de utilização – De acordo com a pesquisa, oito em cada 10 pessoas que têm plano de saúde buscaram algum tipo de atendimento ou assistência médica no último ano. Do total, 75% o fizeram para ter acesso a consultas médicas e cerca de dois terços (67%) para realizar exames diagnósticos (raio-X, exames de sangue, entre outros). Cerca de um terço (32%) utilizou o pronto atendimento ou pronto-socorro e 15% usaram os planos de saúde para internação hospitalar. Do total, 21% dos usuários relataram não ter acionado o seu plano de saúde nos últimos 12 meses.
Dentre os que usaram os planos, as consultas e exames diagnósticos foram utilizados, principalmente pelas mulheres, por aqueles com idade entre
Perfil do usuário – Os usuários de planos de saúde têm um nível mais alto de escolaridade do que a população
A maioria dos entrevistados tem renda familiar mensal superior a três salários mínimos (58% versus 33%), e integram a parte da população economicamente ativa, principalmente como assalariado registrado (34% versus 22%), o que é explicado pela grande presença de planos coletivos no mercado.
Avaliação geral – Mesmo diante dos inúmeros problemas relatados por 58%dos usuários, cerca de três quartos (76%) declaram satisfação com os serviços, sendo que 21% afirmam estar muito satisfeitos e 55% satisfeitos. Entre quatro itens avaliados, os segurados têm opiniões menos favoráveis com relação ao custo das mensalidades (66%) e ao número de hospitais disponíveis (69%). A avaliação é melhor no que se refere à quantidade de laboratórios (83%) e de médicos (76%). Sobre o custo das mensalidades deve ser considerado que a maior parte dos entrevistados tem planos coletivos, pagos integral ou parcialmente pelos empregadores.
Na opinião do CFM, o índice de satisfação positiva de usuários de serviços públicos ou privados deve levar em conta outros fatores que podem não ser captados pelas metodologias usadas nos estudos, mas que são capazes de influenciar o resultado: a satisfação com o simples fato de ter conseguido acessar o sistema de saúde, a satisfação com o estado de saúde individual, com o prognóstico, a cura ou o tratamento bem sucedido, ou mesmo o contentamento com o atendimento ou atenção recebida pelo profissional médico.
Médicos têm opinião negativa sobre operadoras
Já a posição dos médicos com respeito aos planos de saúde é expressamente negativa. Estudo realizado pelo Datafolha, encomendado pela Associação Paulista de Medicina (APM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB), com o apoio do CFM, mostrou que a maioria absoluta dos profissionais brasileiros denuncia interferências das empresas na autonomia dos profissionais. Os dados foram divulgados em dezembro de 2010. De forma geral, o médico brasileiro que trabalha com planos ou seguros saúde atribui, em média, nota 5 para as operadoras, numa escala de zero a 10. Do total de entrevistados, 92% dos médicos afirmam que os planos de saúde interferem em sua autonomia profissional.
Entre os tipos de interferências praticadas pelas operadoras de planos ou seguros saúde, os médicos apontam principalmente as glosas de procedimentos ou medidas terapêuticas (78%) e a interferência no número de exames e procedimento (75%). Citadas por cerca de sete em cada de 10 se destacam ainda as restrições às doenças pré-existentes e a interferência em atos diagnósticos e terapêuticos mediante designação de auditores.
No Brasil, 45,5 milhões de pessoas tem planos ou seguros de saúde. Atuam nesse mercado 1.044 empresas que movimentaram aproximadamente R$ 71 bilhões em 2010, segundo dados da Agência nacional de Saúde Suplementar (ANS). (Fonte: CFM)
Nova resolução da ANS pode não ter eficácia,
diz vice-presidente do CFM
A resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que estabelece prazos máximos para as operadoras de planos de saúde assegurar aos seus clientes a prestação de serviços e procedimentos prometidos terá êxito apenas se atingir seu objetivo maior: a ampliação da rede de cobertura garantida aos seus clientes no momento da assinatura dos contratos. Essa é a avaliação do 2º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá Miranda, após analisar a proposta que entra em vigor, efetivamente, em 90 dias.
Para ele, que também é coordenador da Comissão de Saúde Suplementar (Comsu), a medida da ANS surge no momento em que se constata a problema crescente dos usuários com a extensão da cobertura. “Hoje a ANS desconhece o número de médicos que trabalha para os planos de saúde, o que permitiria um real diagnóstico do tamanho da rede assistencial”, afirmou.
Não são raros os relatos que apontam dificuldades em marcar consultas e exames ou confirmar procedimentos em hospitais ou laboratórios. “Esse problema é visível, especialmente, nos prontos-atendimentos dos planos de saúde, onde o tempo de espera por atendimento é igual ou maior que em unidades semelhantes da rede pública”, apontou Tibiriçá. (Fonte: CFM)
Cooperativa – A organização do trabalho médico em um sistema cooperativista é a melhor alternativa para a valorização do profissional. Esta foi uma das principais conclusões do IV Fórum Nacional de Cooperativismo Médico, realizado no CFM, em Brasília (DF), nos dias 14 e 15 de junho.
Essa posição – um consenso entre todos os participantes do encontro – deve pautar o desenvolvimento de ações para fortalecer o modelo que funciona no campo da saúde suplementar. Para o coordenador do Fórum e diretor-tesoureiro do CFM, José Hiran da Silva Gallo, este é o caminho para o médico conseguir receber honorários justos e adequados. “Fortificando o cooperativismo, vamos ter uma saúde de qualidade”, pontuou.
Falecimento: Ricardo Takeo Hoshino – Com pesar, o Cremego comunica o falecimento do médico urologista Ricardo Takeo Hoshino (CRM-GO 6532). Ele morreu ontem (21) à noite, em Goiânia, aos 49 anos. O médico morava em Itumbiara e foi internado na capital na sexta-feira, após sofrer um derrame. Ricardo era vereador em Itumbiara, onde foi eleito em 2004 – tendo sido campeão de votos naquele pleito – e reeleito em 2008. O velório acontecerá no plenário da Câmara Municipal de Itumbiara. O sepultamento será hoje em local e horário a ser definido pela família. Ricardo Hoshino era casado com a biomédica Cristina Hoshino e pai de dois filhos.
Correição – Lembre-se: de
Expediente – Em função do feriado de Corpus Christi, o Cremego não terá expediente nos dias 23 (quinta-feira), 24 (sexta-feira) e 25 (sábado) de junho. O Conselho retoma os trabalhos normais na segunda-feira, dia
Palavra de médico
Diga Não ao Caos na Saúde
Será um trabalho de formiguinhas, mas termos que orientar todos os pacientes da saúde pública, mostrar o quanto gastam em impostos e que recebem pelo dinheiro pago, e então convidá-los a organizar um abraço fraterno na unidade de saúde de seu bairro, proibindo os profissionais de trabalharem, em sinal de protesto pelo desrespeito do poder público, convidando a imprensa para divulgar a noticia.
Dr. João Serafim
Artigo
Parabenizo e apóio integralmente o artigo do dr Salomão referente ao caos na saúde. Concordo totalmente com a terceirização da gestão dos hospitais referida no artigo. Tenho, cada vez mais, sentido firmeza no CRM em nos defender e fico orgulhoso com atuação desta diretoria no sentido de melhorar nossas condições de trabalho.
Em entrevista à TV Anhanguera os dois secretários de Saúde de Goiânia e Aparecida, drs. Elias Rassi e Paulo Rassi, falaram sobre o ponto eletrônico e outras punições para médicos que não cumprem a carga horária. Nenhuma vez mencionaram os salários vis que as duas prefeituras pagam e ainda referem que não sabem como resolver o problema da falta de médicos. O problema óbvio e notório é simplesmente que nenhum médico se sujeitará a trabalhar sem condições e sem remuneração mínima decente em lugar nenhum. É só pagar o piso da Fenam que certamente não faltarão médicos.
Dr. Corival Castro
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Boletim Eletrônico – Ano 5 Nº 265 22/06/11
Edição: Rosane Rodrigues da Cunha – MTb 764 JP
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