Neste dia 25 de abril, médicos de todo o país voltam a se mobilizar contra as operadoras de planos de saúde que interferem na autonomia dos profissionais, prejudicando o atendimento prestado aos pacientes. O protesto, que tem como símbolo um “cartão amarelo”, também vai advertir as operadoras que se recusam a negociar o reajuste dos honorários pagos à categoria.


Em Goiás, não haverá paralisação no atendimento nem atos públicos. O Dia Nacional de Advertência aos Planos de Saúde deve ser marcado pela mobilização dos médicos e pelo alerta aos pacientes sobre como está a relação entre seu médico e seu plano de saúde.

 

O Cremego está enviando duas mensagens aos médicos, que poderão ser reproduzidas e distribuídas aos pacientes. Um dos textos alerta os pacientes sobre a demora, cada vez mais frequente, para a marcação de consultas e a realização de cirurgias, problemas decorrentes das falhas na relação com os planos de saúde, que comprometem o trabalho do médico e a assistência à população.

 

O presidente do Cremego, Salomão Rodrigues Filho, ressalta que se trata de um dia de advertência da categoria contra as operadoras que têm se recusado em avançar nas negociações pela recuperação de honorários defasados e pelo fim da interferência antiética na relação entre os profissionais e seus pacientes.

 

O Cremego, o Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) e as entidades médicas nacionais – Conselho Federal de Medicina (CFM), Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e Associação Médica Brasileira (AMB) – cobram também a definição de regras claras para a fixação de contratos entre as operadoras, ação que depende diretamente da interferência da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) enquanto órgão de regulação.

Entidades apontam discrepância entre o crescimento das operadoras e a remuneração dos médicos

 

Para os líderes do movimento médico, somente a cultura do lucro – e não a da saúde – justifica a indiferença com que as operadoras tratam as reivindicações da categoria. Os médicos alegam que nos últimos 11 anos, os índices de inflação acumulados superaram os 119%. Por outro lado, os reajustes dos planos somaram 150%, enquanto os honorários médicos não atingiram reajustes de 50% no período. Os números são ainda mais surpreendentes se comparados com o desempenho do mercado de planos de saúde.

 

Os analistas apontam uma tendência anual de crescimento superior a 10%, o que tem garantido faturamento alto às operadoras. Em 2011, a receita dessas empresas bateu a casa de R$ 81 bilhões, no entanto, sem suficiente contrapartida em termos de valorização do trabalho médico e na oferta de cobertura às demandas dos pacientes.

 

Para as entidades médicas, esses números saudáveis são a prova de que para as operadoras a assistência em saúde se tornou um negócio regido exclusivamente pela lógica do lucro. Com essa postura, as empresas têm penalizado sucessivamente os médicos, prestadores de serviços, com o pagamento de honorários inadequados e defasados, além de submeter seus clientes à oferta reduzida de profissionais, serviços e cobertura.

 

Na avaliação dos líderes do protesto, o quadro é grave. “Reclamações contra operadoras de saúde continuam com índice elevado. Isso demonstra que existem empresas que desrespeitam os prestadores e seus clientes. Desejamos que haja sensibilidade para fazer o canal de negociação aberto e cheguemos a um acordo em que todos estejam contemplados”, disse Florentino Cardoso, presidente da AMB.

 

Já o presidente da Fenam, Cid Carvalhaes, lembrou o estado de tensão que impera entre médicos e operadoras: “chegamos ao limite da tolerância e essa é a nossa resposta ao silêncio das operadoras”, disse, ao questionar a falta de empenho de algumas empresas em renegociar os aviltados honorários médicos.

 

“Em lugar do diálogo e da negociação com os médicos, grande número de operadoras optam pela mercantilização da saúde, ressaltando seu descompromisso com a assistência. Diante desse quadro de equilíbrio ameaçado, conclamamos o Governo Federal e o seu órgão regulador na área (Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS) para que atuem como reais mediadores nessa relação que diz respeito à saúde e à vida de mais de 46 milhões de brasileiros”, finaliza o presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila.

 

 

Dados sobre a saúde financeira das operadoras

 

  • A receita dos planos de saúde não para de crescer. Em 2011, as operadoras médico-hospitalares tiveram uma receita de R$ 81,3 bilhões, 11,1% a mais que em 2010.
  • O aquecimento do mercado de planos de saúde é confirmado pelo número de registros de operadoras. Pela primeira vez em dez anos, o número registros (12 empresas novas) foi maior que o número de cancelamentos (4), isso analisando o primeiro trimestre de 2011. Existem hoje 1.042 planos ativos com beneficiários, dos quais 70% são de pequeno porte, com até 20.000 pessoas.
  • O valor médio da mensalidade cobrada pelos planos de saúde em 2010 foi de R$ 127,00, uma variação de 9,1% em relação a 2009, quando os planos custavam, em média, R$ 116,37 per capita/mês.
  • A sinistralidade (razão entre a despesa assistencial e receita angariada com as mensalidades) é de 81,6%. 

 

(Fonte: CFM)

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