Ao longo de dois meses, 14 Conselhos Regionais de Medicina do país percorreram 43 cidades brasileiras com os piores IDH (índices de Desenvolvimento Humano) para traçarem um perfil da qualidade dos serviços públicos de saúde nestas localidades.  O resultado do trabalho da Caravana Nacional da Saúde dos Conselhos de Medicina foi conhecido nesta segunda-feira, dia 25, durante uma entrevista coletiva no Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília.

Dentro do projeto idealizado pela Comissão de Ações Sociais do CFM, o Departamento de Fiscalização do Cremego visitou três municípios do Nordeste goiano: Buritinópolis, Cavalcante e Monte Alegre de Goiás. As vistorias foram feitas entre os dias 10 e 13 de abril de 2012. Os médicos fiscais avaliaram as condições de funcionamento dos serviços de saúde destas três cidades e o resultado não foi nada satisfatório.

Problemas comuns na rede pública de saúde de outros municípios goianos, como a falta de alvará sanitário, falta de materiais e medicamentos e deficiências na estrutura física das unidades, também foram encontradas nas três cidades. Confira

 

Buritinópolis

 

Posto de saúde e ESF: Serviço público municipal, que recebe pacientes do município e região, com atendimentos, como consultas ambulatoriais e de emergência, assistência odontológica, Estratégia de Saúde da Família, internações clínicas, vacinação e pequenas cirurgias. Quando necessário, os pacientes atendidos são encaminhados para hospitais públicos de Goiânia e Brasília.

A fiscalização constatou falhas no funcionamento da unidade, como falta de alvará sanitário; falta de toalha descartável em consultórios e ambulatórios; distância entre os leitos de enfermaria inferior a um metro: falta de matérias básicos para a oxigenação e ventilação dos pacientes no pronto-atendimento e emergência; falta de equipamentos (desfibrilador, eletrocardiógrafo, jogos de pinças de retiradas de corpos estranhos de nariz, ouvido e garganta, laringoscópio infantil com lâminas, lâmpadas e pilhas, monitor cardíaco, oxímetro de pulso, respiradores adulto e infantil); falta de medicamentos; falhas estruturais na sala de vacinação (paredes com rachaduras e sem o revestimento adequado, lixeiras sem tampa acionada por pedal); fichas de atendimento incompletas; deficiências no controle de qualidade dos procedimentos de esterilização por meio biológico.

 

 

Monte Alegre de Goiás

 

Hospital Municipal: Serviço público municipal, de abrangência intermunicipal, realiza consultas de emergência 24 horas, internações clínicas, pequenas cirurgias e exames laboratoriais de análises clínicas. Não realiza procedimentos cirúrgicos e somente são internadas pacientes em trabalho de parto, quando chegam em período expulsivo. Referencia-se com os Hospitais Públicos de Formosa, Brasília e Goiânia. As instalações prediais são antigas, apresentam infiltrações e mofo em vários ambientes. Não possui monitor cardíaco, oxímetro de pulso, bomba de infusão, máscaras laríngeas, oftalmoscópio e respiradores adulto/infantil. Ausência de condições de atendimento em média e alta complexidade. Nos casos de maior gravidade os pacientes são encaminhados para outras unidades.

O hospital apresenta outras falhas, como falta de alvará sanitário; não possui monitor cardíaco, oxímetro de pulso, bomba de infusão, máscaras laríngeas, oftalmoscópio e respiradores adulto/infantil para atendimento de emergência; falta Comissão de Controle de Infecção Hospitalar; falta de médico no período noturno; o centro cirúrgico, centro obstétrico e berçário estão desativados; o laboratório não funciona no período noturno e feriados; faltam pias com água corrente para uso da equipe de saúde nas enfermarias de observação; não realiza limpeza da caixa d’água semestralmente; não possui programa de descarte de resíduos de saúde; não há controle de qualidade dos procedimentos de esterilização por meios biológicos, em desacordo com normas sanitárias vigentes.

 

 

Posto de saúde e ESF Prata: Serviço público municipal, que atende pacientes de Monte Alegre de Goiás com assistência básica em clínica médica e medicina de família e comunidade. São prestados serviços, como aerossol, atendimento odontológico, consultas ambulatoriais eletivas, curativos, vacinação e visitas domiciliares. Quando necessário, os pacientes são encaminhados para o Hospital Municipal de Monte Alegre. Foram encontradas algumas deficiências, como a falta de alvará sanitário; falta de camisolas para os pacientes e lençóis em macas e em alguns consultórios; lixeira sem pedal; falta de materiais para oxigenação e ventilação na emergência; falta de medicamentos de emergência e condições inadequadas de conservação das vacinas e medicamentos,

Posto de saúde e ESF Vida: Serviço público municipal, que atende pacientes de Monte Alegre de Goiás com assistência básica em clínica médica e medicina de família e comunidade. Apresenta deficiências, como falta de alvará sanitário, de lixeira com pedal, de materiais para oxigenação e ventilação, medicamentos, como dipirona e paracetamol; deficiências na central de esterilização; médico suspenso pelo Cremego atendendo na unidade (Pastor Contreras Zambrana – CRM/GO 5378).

 

 

Cavalcante

Hospital Municipal: Serviço público municipal, recebe pacientes do município e de cidades vizinhas, provenientes da zona rural, prestando atendimentos como consultas ambulatoriais eletivas, consultas de emergência, eletrocardiograma, internações clínicas, internações para observação, laboratório de análises clínicas, pequenas cirurgias e raios-X. A unidade, que atende cerca de 900 consultas por mês, apresenta falhas, como falta de alvará sanitário, de lixeiras com tampa, de Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, de gerador de energia, de sala de observação, de bomba de infusão, frascos de drenagem de tórax,  máscara laríngea,  oftalmoscópio,  prancha curta para massagem cardíaca,  prancha longa para imobilização em caso de trauma e de  respirador adulto e infantil no pronto-atendimento. O centro cirúrgico/obstétrico da unidade encontra-se desativado. A Unidade não realiza controle de qualidade dos procedimentos de esterilização por meio biológico.

 

PSF 1: O Programa de Saúde da Família realiza cerca de 400 consultas por mês e apresenta deficiências, como falta de alvará sanitário; utilização de laudo de exame citopatológico assinado por profissional não médico; falta sabão líquido para os profissionais lavarem as mãos e de condições de atendimento de urgência e emergência na unidade

 

PSF II: Recebe casos da zona rural, demanda espontânea e também de outros municípios (Teresina, Alto Paraíso). A unidade, que conta com dois médicos e realiza cerca de 800 consultas por mês, apresenta as seguintes deficiências: falta de alvará sanitário, falta de diretor técnico, utilização de sala para múltiplos fins (pré-consulta, aerosol, curativos, pequenos procedimentos e guarda de material), consultório médico sem sabonete líquido e sem toalha de papel e falta de oito agentes comunitários de saúde para cobrir todas as áreas.

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